




Elas esperavam contatar o espírito do pai de Verônica ou Manolo, o ex-namorado morto, porém tudo o que conseguem atrair é um demônio malicioso. Enquanto as adolescentes tentam compreender o movimento aleatório do copo, as crianças e professoras daquele colégio católico assistem ao impressionante escurecimento quando a Lua se põe entre o Sol e a Terra. De fato, o acontecimento parece canalizar uma energia de outro mundo, pois mesmo os pássaros, em revoada, batem em retirada, alarmados. No porão, o copo subitamente estaciona sobre o ícone do sol, e se estilhaça, cortando o dedo de Verônica. As duas outras meninas, que jamais esperavam um encontro tão intenso com o sobrenatural, se afastam, mas Verônica, em transe, deixa que gotas de sangue pinguem sobre a imagem do sol, na tábua. Um pequeno fogo risca o tabuleiro partido, e logo se extingue, junto às velas. Rosa e Diana perdem Verônica de vista, e enquanto esta sobe as escadas para buscar ajuda, aquela penetra no breu com a lanterna para tentar encontrá-la. Verônica está prostrada no chão mais adiante, hipnotizada. Rosa se ajoelha ao seu lado e aproxima o rosto para escutar o estranho murmúrio da amiga. O que Verônica afirma a deixa estupefata. O conteúdo da fala será apresentado mais tarde. Subitamente, para o susto de Rosa, Verônica deixa o transe com um grito impressionante e consistente. Logo mais, ela desmaia.

Não faz nem vinte e quatro horas que as adolescentes estupidamente mexeram com o jogo do copo, e já ao retornar ao apartamento, incidentes bizarros se precipitam muito sutilmente sobre a vida da garota, indicativos da presença de uma entidade malévola que seus olhos, despreparados, ainda não conseguem ver, ao menos diretamente. Verônica guarda a bolsa com a tábua partida em cima do guarda-roupa, contudo basta deixar o cômodo para que a mesma seja jogada ao chão. Na primeira vez, ela não pensa muito a respeito, todavia na segunda, depois que devolve a bolsa ao guarda-roupa, dá as costas e a mesma volta a ser atirada, se toca da presença da entidade do porão, agora no apartamento. As meninas e o garotinho se reúnem à mesa para o almoço, um saboroso prato de almôndegas, e o clima entre os irmãos é de pura descontração, até que Verônica se mete num inexplicável transe, estacionando o garfo diante da boca, como se não conseguisse engolir. Naquela tarde, as meninas atendem a uma ligação de Rosa, desmarcando o compromisso de se encontrar com Verônica no apartamento. Verônica estranha o fato de Rosa não ter pedido para falar pessoalmente com ela, e quando a adolescente retorna a ligação para a casa da amiga e a mãe de Rosa atende, a mentira cai por terra, pois a senhora inocentemente conta que a filha saiu com Diana e esperava que Verônica também tivesse ido ao encontro das duas. Por alguma razão, Rosa a evitou.


O porão passa a impressão de abandono. Tocadas pela escuridão, os móveis empoeirados e ferramentas inúteis dão ao lugar uma atmosfera opressiva. Pensativa, Verônica apanha a foto do pai, deixada no chão no dia anterior. Ela toma um susto quando Irmã Narcisa anuncia a presença ao se levantar da escada. Usando uma metáfora, a senhora discorre sobre como não se precisa de visão para saber o que há na mesa ao se sentar para o café: você sente o cheiro de canela, de pão quentinho, de leite, de café no bule, e percebe que olhos pouco importam para se guardar uma noção muito real daquilo que se encontra perante a si. Irmã Narcisa, evidentemente, refere-se à sessão do jogo do copo do outro dia, e de como, mesmo cega, consegue "enxergar" o ocorrido. Ela até mesmo menciona o machucado na mão de Verônica, provocado pelo estilhaço do copo, e lhe explica que a brincadeira do tabuleiro nada traz de bom. "Não importa com quem você quis falar, e sim a coisa que efetivamente te respondeu!", ela frisa, e, dando uma baforada no ar a sua frente, exclama para que "parem de se mover". Verônica retruca que não há ninguém ali, fora as duas, e Irmã Narcisa a corrige: "Você não está mais sozinha, algo respondeu a seu chamado e agora anda contigo". O sino do recreio trina com algazarra e põe termo à breve reunião. Verônica deixa o porão. Irmã Narcisa performa uma curta prece para o bem-estar e a libertação da adolescente.
Ao fim da manhã, Verônica resolve conversar com Rosa para esclarecer a situação da amizade. Agora, Rosa e Diana parecem melhores companheiras, e quando Verônica cita o jogo do copo como motivo para o esfriamento da relação, a menina reage meio constrangida. Diana se aproxima e menciona uma festa que as duas darão no apartamento de Rosa, naquele fim de semana, desastradamente provando que as desculpas da garota para o distanciamento - tarefas delegadas pelos pais - não passam de argumentos esfarrapados. Rosa parece ainda mais arrependida e envergonhada, mas Diana logo a toma pela mão e a leva dali, lembrando-a de que logo as lojas do shopping-center fecharão. Verônica fica parada, assistindo às duas se afastarem. Rosa ainda olha para trás e pede que a ex-melhor amiga apareça no fim de semana, para a festa.
Verônica foca-se nas recomendações de Irmã Narcisa sobre proteger os irmãos. Ela pesquisa meios de defesa espiritual em revistas do oculto, e encontra uma matéria a respeito de símbolos célticos capazes de afugentar demônios. Verônica reproduz os desenhos em folhas de papel e, enquanto as meninas brincam insuspeitas sobre suas camas, pendura as gravuras no teto, como uma espécie de amuleto, sem dar maiores explicações. Verônica é assomada à porta por batidas. A vizinha do andar inferior, uma senhora antipática por quem os condôminos nutrem aversão, reclama da "algazarra" das crianças. Verônica explica que ali ninguém está fazendo barulho, porém a mulher retruca que a impressão é a de que uma festa de arromba se encontra em curso bem sobre sua cabeça! Ela também cita uma mancha negra no teto. O borrão, pela posição, deve vir do quarto da unidade do andar superior, ou seja, do cômodo da adolescente. Em dado momento da noite, Verônica separa as roupas para levá-las para a lavanderia. Através das janelas vazadas, guarda boa visão do interior do apartamento e da janela do quarto das crianças. Distraída com a tocante visão de um pai que visita a filha entretida com os estudos, para lhe dar boa noite, alguns andares abaixo, Verônica deixa o lençol soltar-se do varal e cair. Depois de recolhê-lo e subir as escadas, ao retornar para a lavanderia, pela primeira vez, enxerga a forma materializada do demônio que a persegue, através da janela, transitando livremente dentro do quarto das meninas, enquanto uma voz semelhante a um prolongado chiado insiste em chamar seu nome pelo rádio de brinquedo.



Ao devolver um livro infantil à estante e perguntar por que Antoñito foi mexer com o mesmo, visto não ter idade para lê-lo, o garotinho a surpreende ao tagarelar sobre a visita do pai, na noite anterior. Segundo Antoñito, o pai o visitou para explicar que não demoraria a levá-lo. Angustiada, Verônica o orienta a não escutar o "pai" jamais, a tapar os ouvidos e gritar pelo seu nome, se ele retornar, pois assim virá a seu socorro. Ocorre-lhe a ideia de levantar o colchão do menino, e ela descobre uma mancha negra, como mofo, do outro lado. A mancha forma uma figura, como se o vulto de uma pessoa grande tivesse repousado naquele espaço. As camas das meninas também apresentam a mesma mancha. Verônica se recorda da vizinha encrenqueira, quando apareceu dias antes para se queixar de uma mancha negra no teto do apartamento, que, pela disposição das unidades, só podia vir do chão do quarto da adolescente. Disposta a agir, ela precisa de liberdade para investigar, e visita a mãe com as crianças, no restaurante. Como se trata de sábado, não terão de se apresentar no colégio. Verônica se justifica com a desculpa de terminar um dever de casa com Rosa, e Ana, acreditando, oferece-se a ficar com os meninos pelo dia.

Verônica visita o colégio, e encontra Irmã Narcisa absorta em reflexões no mesmo porão onde as garotas brincaram com o jogo do copo. Ao pedir por orientações, Verônica recebe de Irmã Narcisa a mais importante instrução para lidar com o mal: ela trouxe o problema para sua vida ao se esquecer de "fechar a porta", ou seja, despedir-se do demônio no âmbito do próprio jogo. Irmã Narcisa sabe o que fala. Quando tinha a mesma idade da aluna, sendo profundamente sensitiva, enxergava aparições que a enchiam de angústia, e não ficou cega por acidente. Na verdade, as feridas causadoras de sua cegueira foram provocadas pela própria Irmã Narcisa, desesperada para deixar de vê-las. Verônica encontra, numa banca de revistas, uma tábua do jogo do copo à venda, acompanhada por uma pequena brochura com recomendações básicas para o ritual. Ali, lê que não se pode terminar a sessão sem se despedir do demônio. Se uma pessoa não disser "adeus" após a sessão, a coisa permanecerá nessa dimensão. Quando Verônica aparece à porta do apartamento de Rosa, depara-se com a festa organizada pelas duas, Rosa e Diana, para a qual mal foi convidada. Rosa abre a porta com uma expressão apreensiva. Ela a convida a entrar, mas Verônica vai direto ao assunto, tentando explicar por que as três devem revisitar a tábua do jogo o quanto antes. Verônica reage nervosamente quando Rosa tenta acalmá-la, e basicamente invade o apartamento "na marra", vencendo uma porção de gente a lotar os cômodos, exclamando o nome de Diana. Os rapazes acabam a pondo para fora, mas Rosa ainda tenta colocar um pouco de senso na cabeça da colega. Com os olhos assustados, ela lhe conta que, naquela manhã, ao entrar em transe, Verônica repetira que morreria naquela data. Rosa se apavora quando enxerga a mancha roxa na mão de Verônica, prova do assédio do demônio. Aturdida com o choque de realidade, Verônica se dá conta de que, para todos os efeitos, ficou sozinha nessa aventura. Ela dá as costas para a amiga e vai embora.

Verônica junta os dois pedaços da tábua e a conserta. Ela orienta Antoñito a desenhar o símbolo celta de proteção nas paredes do corredor, para a guerra espiritual. O tempo chuvoso reflete o estado de ânimo dentro do apartamento. Alguns minutos antes da meia-noite, Verônica inicia a tentativa de contato através da tábua. As três irmãs sentam-se no chão, formando um círculo, ladeadas por velas. Verônica começa a elaborar perguntas para a entidade, pedindo para que a mesma anuncie sua presença, se for o caso. A porta da sala-de-estar fecha-se solitariamente. Verônica afirma que realiza a sessão para se despedir da entidade, para que parta e não os incomode mais, todavia a coisa se nega a obedecer. As três meninas entoam uma música alegre, a da novela, usando-a como mantra para afastar o demônio. Uma série de batidas nas paredes deixa os nervos das meninas à flor da pele. Um sopro espontâneo e inexplicável extingue as velas, e o copo sai rolando, obedecendo a um comando invisível, até ir de encontro à porta de um quarto fechado.
Verônica abre a porta, e se ajoelha diante da mancha do colchão. Um braço negro emerge da superfície, e por pouco não a puxa para dentro. As manifestações do demônio ganham envergadura, e um corpo esguio "vaza" da cama, ganhando uma fisicalidade ameaçadora e urgente. Plaza novamente tira o chapéu para outro clássico do passado, porque aqui acena para um dos momentos mais brutais de "Hellraiser 2", quando Julia emerge do colchão como uma forma grotesca reduzida a músculos e sangue, acopla-se a um doente mental debilitado que se auto-mutilara a golpes de navalha, e se alimenta de seus nutrientes até deixá-lo como uma casca sem vida. A adolescente corre para a sala-de-estar e liga para a polícia. Tamanho o nervosismo, não obtém êxito em comunicar razoavelmente a situação explosiva, e entendemos que a cena se reporta ao começo do filme, quando policiais atenderam a ocorrência na Rua Gerardo Núñez. Durante a confusão, Antoñito é apanhado pelo demônio, e arrancado da sala para o corredor. Uma frenética busca se inicia pelos corredores, até Verônica escorregar no banheiro e bater com a cabeça no chão. Ao recobrar a consciência, pega o irmão nos braços e corre com as meninas para fora do prédio. Em termos de iluminação e claustrofobia, a sequência nos lembra o clímax do excelente "Insidious", de James Wan, com a família Lambért tentando resgatar o filho mais novo do limbo, e o mundo sobrenatural mescla-se ao natural, gerando um pavoroso "meio termo" entre as duas realidades, habitado por gente e também por espíritos atormentados.


2017 foi um ano espetacular para o gênero fantástico, riquíssimo em motivos para o regozijo dos cineastas estrangeiros de horror, sobretudo aqueles com um forte vínculo com a Espanha e sua cultura. Embora mexicano, o cineasta Guilhermo del Toro, último vencedor do Globo de Ouro como melhor diretor por "A Forma da Água", começou a chamar a atenção há aproximadamente dezesseis anos, com "El Espinazo del Diablo", uma nostálgica, melancólica estória de fantasmas ambientada nos terríveis últimos dias da sangrenta guerra civil espanhola, em um orfanato esquecido no escaldante deserto. O filme o "colocou no mapa", e mesmo que grandes filmes de estúdio tenham sucedido "El Espinazo del Diablo", o romantismo sobrenatural deste ainda está para ser repetido por del Toro. Outro diretor que já mostrou a que veio, e que em 2017 lapidou o próprio talento a ponto de lhe reinventar com elegância, foi Paco Plaza, o cineasta por trás do excelente "Verônica". Os fãs do terror, entretanto, já se lembram de Plaza desde 2007, quando tomou o cinema fantástico de assalto com sua visão particular de inferno.
Naquele tempo, Plaza e seu amigo Jaume Ballagueró foram laureados nas passagens pelos principais festivais europeus com o impressionante "[REC]", uma intrigante adição ao nicho que poderíamos classificar como "filmes de George Romero", ou seja, tramas envolvendo pessoas em cenários apocalípticos sob o assalto de uma ameaça exterior, seja uma horda de mortos-vivos, seja uma de maníacos sexuais com estupro em mente ("Shivers", de 1975, de David Cronenberg). Em "[REC]", Plaza & Ballagueró ambientaram o drama em um condomínio fechado de Barcelona onde, aos poucos, emergem sinais de uma infecção por uma poderosíssima variante do vírus da Raiva. "[REC]" gerou duas boas continuações e um fraco último filme, bem como uma excelente refilmagem, comandada por John Erick Dowdle & Drew Dowdle, os irmãos responsáveis por "The Poughkeepsie Tapes".
Após o sucesso de "[REC]", aguardávamos o próximo passo de Paco Plaza (foto). Não obstante se pensasse que o cineasta se renderia ao sistema dos grandes estúdios e filmaria um projeto nos moldes da mesmice do gênero fantástico, as consequências da aclamação guiaram Plaza a uma direção diametralmente oposta, e o resultado, "Verônica", exibe o charme e a melancolia européia que nos conquistaram previamente com "[REC]", há dez anos. Diferente de del Toro, que após o fantástico, profundo "El Espinazo del Diablo" mudou-se com malas para Hollywood e lançou "Blade 2", "Hellboy 1 &2" e "Círculo de Fogo", Plaza preferiu "ficar em casa", para a sorte dos apreciadores dos filmes cult, e rejeitar a conformação a regras e paradigmas de um modelo que dá sinais de sistêmico cansaço. Assim como outros grandes artistas estrangeiros antes dele, Plaza parece inclinado a ditar o próprio ritmo, e determinado a não se distanciar do estilo que melhor lhe serviu. Infelizmente, sabemos o preço pago, criativamente falando, quando um talento é "importado" para Hollywood. O francês Pascal Laugier, criador dos polêmicos "Martyrs" & "The Tall Man", tem muita história para contar, pois sentiu na pele a dor do desapontamento quando, após o sucesso de "Martyrs" no circuito europeu, foi "convidado" a integrar o sistema dos estúdios, e teve de ver os sonhos ruírem quando produtores praticamente o deixaram de mãos atadas, criando toda sorte de entraves para impedi-lo de rodar a sua poderosíssima reimaginação para o clássico "Hellraiser". Laugier saiu da experiência bastante magoado. O chinês John Woo, o poeta da violência, espécie de "segunda vinda de Sam Peckinpah", deu a Jean Claude Van Damme seu mais sólido veículo, "O Alvo", em 1993, após ser "adotado" por Hollywood, tendo feito história na China com suas obras-primas "A Better Tomorrow" & "Hard Boiled". Tudo o que veio depois, em Hollywood, infelizmente, desapontou os fãs da poesia de Woo, uma sucessão anti-climática de superproduções chatas estreladas por nomes famosíssimos, sem uma gota da saudosa paixão, tão palpitante no período chinês da carreira. Woo só reencontrou a inspiração ao dar as costas para a América, regressar à China e redescobrir suas raízes. Seus fãs devem saber que o novo "Manhunt", em vias de lançamento, marca o reencontro de Woo com os "cop thrillers" icônicos recheados de cenas de tiroteio e banho de sangue em câmera lenta, emblemáticos de suas verdadeiras convicções. O brasileiro José Padilha fez por merecer um convite para filmar lá fora após a recepção dos ótimos "Tropa de Elite 1 & 2". Hoje, sabe-se que a refilmagem de "Robocop", um filme um tanto quanto raso, não traduziu as verdadeiras intenções do ótimo cineasta, vítima da interferência do estúdio, do "pessoal do dinheiro". Paco Plaza presta um favor a si e se poupa da desilusão. Não se sabe quais foram os convites feitos pela América ao diretor, todavia se o preço da recusa foi "Verônica", sua esnobada valeu à pena.Naquele tempo, Plaza e seu amigo Jaume Ballagueró foram laureados nas passagens pelos principais festivais europeus com o impressionante "[REC]", uma intrigante adição ao nicho que poderíamos classificar como "filmes de George Romero", ou seja, tramas envolvendo pessoas em cenários apocalípticos sob o assalto de uma ameaça exterior, seja uma horda de mortos-vivos, seja uma de maníacos sexuais com estupro em mente ("Shivers", de 1975, de David Cronenberg). Em "[REC]", Plaza & Ballagueró ambientaram o drama em um condomínio fechado de Barcelona onde, aos poucos, emergem sinais de uma infecção por uma poderosíssima variante do vírus da Raiva. "[REC]" gerou duas boas continuações e um fraco último filme, bem como uma excelente refilmagem, comandada por John Erick Dowdle & Drew Dowdle, os irmãos responsáveis por "The Poughkeepsie Tapes".
Plaza escolheu um tipo de filme cujos elementos, quando esmiuçados, contrastam duas formas - européia & americana - de se contar estórias. Nos Estados Unidos, o recente "Ouija" também nos brindava com uma trama muito parecida, sobre jovens desavisados que cometem um grave erro ao mexer com o jogo do copo e despertam um espírito malévolo e atuante, engajado em destruí-los. Distingue-os, outrossim, o tom utilizado pelos criadores. Como gostos diferem pela dosagem, há aqueles mais afetos à tristeza de "Verônica", e outros, interessados em uma maior movimentação, com um desfecho bem-amarrado e apto a satisfazer as suas expectativas. As qualidades clássicas de um típico "crowd pleaser", de um "blockbuster", saltam mais aos olhos em "Ouija", onde ritmo suplanta credibilidade. Sustos e ações ganham vida graças a bem-orquestrados efeitos visuais, valendo ao produto a energia cinética de algo alinhado a "O Chamado", com direito à familiar estrutura narrativa baseada numa heroína que, para vencer o mal, precisa correr contra o tempo numa aterrorizante aventura investigativa cheia de revelações e reviravoltas. Comparada a "Verônica", "Ouija" satisfará melhor o gosto de quem aprecia um estilo de horror digerido em salas multiplex barulhentas, com os amigos, em uma sessão regada à pipoca. "Verônica" supera o similar americano, por outro lado, se desprezarmos ação em favor de certo requinte europeu, de certas sofisticação e elegância não encontradas no mise-en-scène do espetáculo inconsequente ou no barulho do horror pelo horror. Com efeitos especiais assinados pela equipe de produções como "O Vingador do Futuro" e "Transformers", "Ouija" colore as terríveis mortes dos personagens com excessos, e as aparições da vilã, o espírito da menina de boca costurada, concebida com a acuidade visual dos grandes estúdios, concede à estória um impressionante ar de espetáculo. Modesto em efeitos, "Verônica", na contramão, não pretende ingressar no clube do "cinema espetáculo", e ao adotar um approach mais dramático e pesaroso, ganha a autenticidade que, no caso de "Ouija", passa longe. E eis o diferencial: "Ouija" nos carrega com os altos e baixos da montanha-russa; já "Verônica", sendo mais quieto e gentil em concepção, nos cativa pelo significado dos momentos silenciosos, pela doçura com que crianças reagem à tragédia, e pelo realismo envolvido nas consequências de uma morte familiar, o que, diferente de "Ouija", nos estimula a refletir. Sob as variáveis da vida, a verdadeira tragédia tende a se insinuar sem glamour ou efeitos visuais. Se, para efeito de comparação, "Ouija" foi o passeio na montanha-russa, "Verônica" propõe uma experiência mais meditativa. Um passeio na montanha-russa tende a deixar nossas lembranças do instante em que saímos do trem, afinal não há significado mais profundo, uma montanha-russa, afinal de contas, foi projetada para entreter. Uma proposta mais européia e sofisticada, entretanto, deixa um sabor mais duradouro. Não leiam minha constatação de modo equivocado. "Verônica" oferece, sim, sequências muito bem coreografadas, porém Paco Plaza as realiza com o comedimento de, digamos, James Wan, nos dois "Insidious". O demônio do filme de Plaza ganha fisicalidade como uma elegante sombra sem expressões dada a projetar-se nas paredes dos quartos e mover quadros e objetos com as mãos, como uma perene presença no seio daquela família madrilenha, nas linhas do demônio chegado a aparar as unhas enormes no amolador do primeiro "Insidious", ou da simplicidade visual, no segundo, da "Mãe de Parker Crane", uma aparição graficamente incômoda e tensa. As manifestações do demônio também foram criadas com a simplicidade de técnicas muito antigas e mecânicas, quase sem retoques de efeitos digitais, uma ode ao compromisso com o realismo. A cruz de Jesus Cristo, sob o constante ataque que a lança da parede sem tréguas, e os objetos e móveis, atirados por forças invisíveis, resgatam lembranças da eletrizante, sóbria eficiência de "O Exorcista", cuja protagonista, aliás, convida para si o demônio Pazuzu através do mesmo erro, mexendo com a tábua do jogo dos espíritos. As duas personagens, também similarmente, vêm de lares desfeitos, e a pressão das respectivas tragédias sobre suas mentes parece abrir a pequena, ideal fresta para a entrada do invasor. A ausência da figura paterna, seja pelo divórcio, no caso da menina Reagan de "O Exorcista", seja pela morte, no caso de Verônica, as seduz à desesperada procura para suprir uma lacuna impossível de ser satisfeita, ao menos pelas coisas desse mundo. Os resultados são desastrosos. Diferentes nas vertentes criadas pelos seus respectivos calvários, Reagan e Verônica dividem, entretanto, o mesmo chamado de sereia, pois os que as seduz à tábua é a irresistível palavra ilusória do demônio, prometendo uma perfeita felicidade que nada desse mundo poderia, no frigir dos ovos, proporcionar.
A protagonista, Verônica, interpretada pela atriz Sandra Escacena, nos é apresentada como uma menina absolutamente comum, dotada de uma espécie de conhecimento de vida advindo da dor, o que a torna uma espécie de mãe substituta para os irmãos pequenos. Mesmo sem jamais perder de vista as pesadas responsabilidades de Verônica naquele carente contexto familiar, o diretor Plaza foge da armadilha de pintá-la como uma espécie de mártir. Sim, ela sofreu uma imensa perda, e a ausência temporária da mãe a sobrecarrega com responsabilidades irreais perante as crianças, porém as interações com as amigas, no colégio, ou com os irmãozinhos não nos deixam perder de vista que, independente da ocasional melancolia externa, ela é só uma adolescente com direito a pisar nas armadilhas de sempre, porque somente precisa de tempo para amadurecer. A construção do caráter, muito justa, indica a preocupação do também roteirista Plaza em nos oferecer um filme inteligente e fora do lugar comum, um esmero verificado mais regularmente em pequenos filmes de horror, como o recente "Starry Eyes", um projeto fundado no âmbito da campanha na internet, realizado com baixo orçamento, riquíssimo na caracterização de personagens, todos donos de vozes e personalidades interessantes. Ángela Fabián e Carla Campra (uma espécie de "Rachel McAdams da terra de Cervantes") auxiliam o diretor Plaza a criar em Verônica uma presença humana, deliciosamente honesta, pois o convívio entre as três meninas injeta verossimilhança à proposta de lugar/espaço usada como palco para a estória, Madri, em 1991. Suas conversas e pequenos planos nos transportam para um específico tempo nas nossas próprias vidas, quando o mundo, menor que fosse, incutia empolgação, vez que mágico, preenchido por vinhetas compostas por expectativas e brincadeiras nos corredores do colégio, por conversas secretas sobre colegas de classe objetos de nossa devoção, romanticamente falando, pela execução das pequenas traquinagens típicas de adolescência, como se aproveitar da viagem dos pais para organizar uma festa dentro de casa. Chama-me a atenção a sensibilidade com que o roteiro desenvolve a proximidade entre Verônica e Rosa, afinal, mais tarde, quando mesmo depois de nos ter sugerido tão inquebrantável elo, as meninas se afastam por causa da interferência de uma "forasteira", Diana, a sacada retrata com muita fidelidade a transitoriedade de qualquer relação humana, e a confusão da protagonista perante o choque do desmoronamento de uma amizade tida como sólida reflete o despreparo quando se é jovem, e, desavisadamente, espera-se do mundo ou das pessoas perfeição e absoluta felicidade. Verônica continuará a se permitir caminhar voluntariamente para dentro de tempestades onde o único desfecho será o de um coração partido, até que o tempo se encarregue de cumprir com seu papel, dar-lhe a compreensão que do momento que se nasce ao que se morre, viver demanda um constante exercício de eliminação de mentiras, algumas fundamentais, outras menores, incrustadas em nossas almas e responsáveis diretas pela miopia com que enxergamos e reagimos equivocadamente às coisas próprias do mundo, um lugar de certa beleza onde, sim, é possível alguma bem-aventurança, mas uma alegria acompanhada por um pouco de frustração; felicidade, por um pouco de tristeza; prazer, por um pouco de dor. Foi o ator Sylvester Stallone quem disse a James Lipton, do Inside the Actor's Studio, que a vida fatalmente arrancará, aos poucos e inexoravelmente, para cada um de nós, camadas e mais camadas de trivialidades, até nada mais restar, que não o essencial. Em outras palavras, apenas constatou os fatos da vida com uma descrição muito didática e visualmente bela, não tão bela quanto uma outra, que desemboca na mesma conclusão, apenas a descreve mais sublimemente: a representação de viver encontra correspondência na imagem de uma longa e feliz noite de núpcias, e, por consequência, também na de uma lenta caminhada rumo à lua de mel. Você não precisa ser necessariamente casado para compreender o impacto da alegoria, pois mesmo os solteiros presumirão quão especial é para duas pessoas que trocaram alianças a privacidade da noite vindoura. Até o grande momento, o do bem-vindo silêncio da privacidade entre marido & mulher enfim sós, há uma etiqueta a se seguir, uma escalada até o clímax, ou, melhor escrevendo, uma festa de núpcias cheia de convidados inesperados de última hora, cujas mesas visitamos, para abraçá-los e derramarmos juntos algumas sufocadas lágrimas salgadas e gostosas, vindas de algum lugar sincero do coração. "Eu estou feliz por vocês, boa sorte!", os convidados fazem votos, ao apertarem as mãos dos recém-casados, todavia será quando a noite começar a avançar e o salão a esvaziar que se assentará na convicção dos consortes a real escala de felicidade possível aqui na Terra, a medida de uma felicidade que necessariamente implica em um pouco de tristeza; da alegria do reencontro, temperada com uma pitada de frustração ao se dizer "adeus"; de prazer, embaralhado por um pouco de dor, sobre o qual Clive Barker escreveu e filmou de modo tão magistral em "Hellraiser". A política da vida se confunde com a noite de núpcias, e convidados estão constantemente se levantando das mesas para nos parabenizar e nos deixar a sós, à medida que a noite se aproxima do desfecho e a orquestra vê seu repertório diminuir. E se por um lado o esvaziamento do salão de festas parece trágico, há um sabor de consolação na enorme expectativa de logo mais, quando consortes terão a calada da noite para o momento da consumação do compromisso, e tudo o que importa são as duas pessoas que trocaram alianças. Por mais que tenha sido o máximo reencontrar pais, amigos e familiares na grande festa do salão, não se caminha para a consumação do ato na suíte esperando-se levar consigo toda essa gente: a intimidade, ou melhor, as expectativas em torno da mesma, só serão liquidadas entre marido & mulher. Paralelamente ao desenrolar da festa, sucedem-se as perdas naturais da vida. Beleza, saúde, amigos: a perda desses bens corresponde aos convidados que deixam as mesas para se despedirem. No silêncio da suíte, depois que os convidados já se foram e marido & mulher se encontram para se amar por trás do manto da privacidade, temos o ser humano face a face com sua noiva, a própria mortalidade, quando nada mais lhe resta, a não ser se entregar com destemor aos seus braços, à consumação do ato, ou melhor, `a consolação de se saber que mesmo após a morte, você estará deixando para trás uma vida vivida sob compasso moral. E como acontece a objetos, cuja razão de existir jamais se encontra na coisa em si, e sim fora dela, a mortalidade crava nossos pés no chão ao nos lembrar que o mistério da cruz suportada por cada um nesse mundo jamais será respondido agora, somente mais tarde, uma vez encerrado o capítulo da curta estadia por essas paragens. Mas é mesmo como Sylvester Stallone declinou, no penúltimo filme do Rocky, de 2006, "Seja mais gentil e humilde para com o mundo, meu caro, e isso é só o começo da história, porque você encontra pessoas enquanto está subindo a montanha, mas as reencontra depois que começa a descer".

Um dia, uma foto de Estefania foi atirada da parede e sofreu combustão. O fogo se concentrou no rosto sorridente da garota morta. Vizinhos não demoraram a reportar sombras atravessando as paredes dos apartamentos. Na mais apavorante manifestação de poltergeist, as irmãs de Estefania despertaram de madrugada sob a forte impressão de assovios para o lado da porta, um som logo comutado em um grunhido intimidador. À medida que a luz do lado de fora da janela foi se assentando dentro do quarto, as meninas viram claramente uma sombra de rosto preto e sem expressões rastejar no tapete. Logo, a coisa passou a engatinhar maliciosamente em direção às crianças, ao mesmo tempo em que as bonecas nas estantes pareciam vivas, dada a força com que eram atiradas. Quando os gritos das meninas se avolumaram a ponto de atraírem os pais, o fenômeno esvaneceu. Em novembro de 1991, o inspetor da polícia José Negri e seus soldados atenderam a uma ocorrência no apartamento, às 02:40 da madrugada, depois de terem sido informados acerca de "sombras muito altas e estranhas", uma declaração interpretada por Negri, à primeira vista, como típico caso de invasão domiciliar. Seu relato impressionante serve como confirmação da atividade do poltergeist. Consoante declarações de Negri, eles assistiram a gavetas perfeitamente fechadas se abrirem sem nenhuma manipulação, e a uma toalha sobre a mesa do telefone exibir uma repugnante substância viscosa de cor amarronzada, como o babado de um animal selvagem, tipo um lobo. Negri visitou os quartos, onde assistiu a um crucifixo pôr-se de cabeça para baixo, sozinho, e ter a figura do Cristo extirpada, com um súbito impulso invisível. Negri relata como os cabelos da nuca se eriçaram ao visitar os cômodos, um sentimento confirmado pelos soldados. Mesmo hoje, tantos anos mais tarde, e tendo esgotado um leque de tentativas para lidar com a coisa, de visita de sacerdotes a exorcismos, a família declara que jamais se viu inteiramente absolvida do assédio do demônio, não obstante o antigo apartamento, hoje habitado por uma nova família, não mais servir de palco às manifestações. A "coisa", afinal de contas, parece atrelada a pessoas, e não a lugares. Nesse ponto, recordo-me da melhor cena de "Atividade Paranormal", quando o casal cuja residência serve de cenário para fenômenos insólitos recebe a visita de um parapsicólogo. Ao tomar o apontamento das reminiscências da moça, queixosa da condição de alvo dos tormentos sobrenaturais desde a infância, ele observa: "Então, se você me explica que se trata de algo que te seguiu de onde você morava aos oito anos, para outro lugar onde você vivia aos treze, e agora até aqui, parece-me que é com isso com que estamos lidando, com algo conectado a você. Minha área de expertise revolve lidar com fantasmas, foi como construí uma carreira, ajudando pessoas a contatarem entes falecidos, ou seja, espíritos de gente morta. Um demônio é algo diferente. Trata-se de uma entidade relacionada a algo não-humano. Há muito debate e discussão acerca da natureza desse 'algo', mas não é uma pessoa. Lidar com demônios não é minha área, sinto-me muito desconfortável com isso, e te digo, francamente, que sinto a presença da coisa nessa casa. Você não pode fugir disso, ela vai te seguir. Ela pode permanecer adormecida por anos. Algo pode engatilhá-la, tornando-a mais ativa, e ela tentará, de tempo em tempo, estender a mão para se comunicar". Outra história real semelhante ao caso de Estefania, onde a "cisma" do demônio provocou um tipo de assédio capaz de se estender por décadas, foi o caso da família Smurl, de West Pittston, Pensilvânia, já contado no apavorante filme "A Casa das Almas Perdidas", disponibilizado gratuitamente em sítios de vídeo.
Ainda sobre casos reais, há uma outra poderosa história que, com o tempo, se tornou uma espécie de lenda urbana, pois jamais foi esclarecida. O caso merece ser descoberto, e se assemelha bastante aos fatos do filme de Paco Plaza. Trata-se da história de uma senhora identificada somente como Clarita, que, em 1995, ligou para um programa de rádio mexicano. Naquela data, comemorava-se o dia das bruxas, e a rádio reservara o horário para contar estórias mentirosas de terror, numa grande gozação. Tudo ia bem, até essa senhora entrar ao vivo. Embora se pensasse que ela narraria alguma lorota, desabafou a centenas de ouvintes sobre o drama do filho. Após brincar com o jogo do copo, sua vida virara de cabeça para baixo, e estranhas manifestações haviam tornado a vida dentro de casa insustentável. Os senhores podem encontrar o vídeo com muita facilidade, basta procurar, no sítio de vídeos, pelo termo "O menino possuído - Caso Clarita". O cavalheiro responsável pelo vídeo realizou uma excelente pesquisa, e lhe cabem aplausos por ter redescoberto e disponibilizado o áudio da conversa, ainda arrepiante, mesmo depois de tantos anos. Desafio-os a escutarem até o final sem se inquietarem. "Verônica" rende um produtivo debate sobre a veracidade do jogo do copo. Muitos o tratam como uma grande diversão, e o fato de vir sendo comercializado como brinquedo pelo selo Hasbro indica a pouca seriedade reservada ao tabuleiro. O "valor" da brincadeira se deveria, nesse diapasão, ao enorme poder sugestivo da mente, aos sentimentos e impressões que a manipulação da "lenda urbana" despertaria. Há, todavia, um limbo de casos reais mal-explicados envolvendo a Ouija, e a zona cinzenta alimenta uma lacuna de mistérios. Só Deus, em Sua infinita graça & sabedoria, conhece a verdade por trás de tais segredos.
Digno de destaque, também, é o senso de intimidade com que o diretor nos leva à jornada de Verônica. Quando assistimos a filmes de terror demasiadamente fantásticos, desafiamos os nossos medos a uma distância segura, dado o absoluto abismo entre os eventos na tela e a realidade de quem lhes assiste. Clive Barker já falou algo nesses moldes, sobre como uma das melhores qualidades de filmes de horror consiste na simulação do medo, um convite a "vivê-lo" de maneira indolor. "Verônica", entretanto, foi concebido com tamanha fidelidade aos elementos da vida cotidiana de uma família comum madrilenha que seria impossível não nos vermos um pouquinho nas pequenas alegrias e enormes tristezas típicas do rito de passagem de toda criança/adolescente. Nesse sentido, a realidade dos personagens, por ressoar tão intimamente às coisas do nosso cotidiano, vale importantes pontos ao conjunto, revestindo-o com um refrescante aroma de familiaridade e empatia. "Atividade Paranormal: Marcados pelo Mal" se prestou anteriormente a semelhante propósito; dentre os outros filmes da franquia, sobressai-se como o mais instigante, e parte do destaque rastreia-se à genial sacada de sediar a trama no coração de um palpitante bairro latino em Los Angeles, uma cultura religiosa, vibrante e cheia de vida, apegada a valores como o da família. Em "Verônica", Paco Plaza volta as câmeras para a realidade de cidadãos espanhóis madrilenhos no começo dos anos 90, e nos reconecta a sensações que emergem em nossos corações, dada a tocante, doce sinceridade do resgate. Para imbuir o passeio pelo túnel do tempo de veracidade, utiliza uma trilha sonora cheia de batidas de sintetizadores, reminiscentes dos velhos filmes de John Carpenter, e, mais recentemente, de "Corrente do Mal". "Verônica", um filme que pertence ao seu próprio tempo graças aos fatos em torno do caso verídico, também veste com louvor um anacronismo muito peculiar, cortesia das escolhas e licenças artísticas adotadas pelo cineasta.
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