quarta-feira, 29 de maio de 2013

Ninja (2009) - Isaac Florentine é a melhor coisa que aconteceu ao gênero ação.


Casey (Scott Adkins) é um jovem norte-americano que, ainda criança, presenciou o suicídio do pai, que costumava surrar a sua mãe, e fugiu para o Japão. No Japão, Casey foi adotado pelo clã de Takeda (Togo Igawa), um velho guerreiro honrado e valente obstinado em manter vivo o legado dos ninjas. Sob a guarda de Takeda, estão a última armadura real dos ninjas e as suas armas de poderes lendários, entre elas a mortífera espada katana. Takeda promete que concederá o legado dos ninjas ao aluno que se provar imbuido dos melhores valores. Masazuka (Tsuyoshi Ihara), um guerreiro japonês que praticamente cresceu no lugar, julga-se detentor do direito natural à armadura e às armas, pois é veloz, perspicaz, destemido, em suma, um guerreiro forjado pela arte da guerra. Ocorre que Masazuka não reúne o caráter de Casey, que além de habilidades para combate, conduz-se com os mesmos valores inerentes aos verdadeiros ninjas: honra, respeito, compaixão, e coragem absoluta, mesmo sob as mais terríveis adversidades. Quando vê que Takeda o preterirá pelo estudante norte-americano, Masazuka fica cego pela raiva e, durante um treino de espadas, ataca Casey. Por seu descontrole, Takeda o expulsa do clã. Para Masazuka, não há punição pior. Dedicou toda a vida para se aperfeiçoar, para se tornar o último dos ninjas, e então, por um momento de descontrole emocional, pôs tudo a perder. O desapontamento o transforma em uma máquina de matar malévola disposta a acertar as contas com Casey, a quem culpa por toda a desgraça. Masazuka se torna um assassino perigosíssimo, a serviço de uma poderosa facção do crime organizado chamada O Círculo. Ele retorna para o dojo, para reclamar o espólio dos ninjas, mas Takeda se recusa a lhe entregar a armadura e a espada. Certo de que o ex-aluno voltará, o velho mestre incube CaseyNamiko, a filha, de levarem o baú para os Estados Unidos, onde o espólio dos ninjas poderá ser mantido bem distante das mãos de Masazuka. Conforme Takeda imaginara, Masazuka retorna ao dojo, mata os demais alunos e exige do mestre o baú. Quando Takeda recusa-se a ceder, mesmo sob a ameaça de morte, Masazuka o decapita. O assassino descobre que Casey e Namiko estão a caminho de Nova York, e parte para os Estados Unidos, para o confronto final entre os dois melhores ninjas do clã Takeda.

Este filme ágil e magistralmente executado revela os talentos de seu diretor Isaac Florentine e astros Scott Adkins e Tsuyoshi Ihara, todos destinados a grandes coisas em suas carreiras. Mesmo que filmado sob um orçamento modesto, dez milhões de dólares, o diretor Florentine, como de costume, parece multiplicar os recursos, criando um espetáculo de ação que parece maior do que o efetivo custo, de excelente fotografia, excitantes cenas de ação, e performances acima da média, algo incomum a obras do gênero. É impressionante a habilidade com que Florentine orquestra as cenas de luta, encantadoras aos olhos graças a suas diversificadas coreografias cinéticas e impossíveis. Arquitetar as lutas, todavia, não é sua única habilidade. Nos moldes de John Woo, Florentine imprime à ação impressionante sincronia, como se estivesse orquestrando um balé de violência, sendo várias as cenas em Ninja que provam a assertiva: a luta dentro dos vagões no metrô, o confronto com o ninja Masazuka sobre a cobertura de um prédio, e o tiroteio nas calçadas de Nova York, quando o herói por pouco escapa com a vida. Mesmo com o orçamento modesto, o olhar de Florentine traz muita beleza e energia, enaltecidas pelo efeito da câmera lenta, mais uma semelhança entre o cineasta e o grande John Woo. Novamente, Florentine se reúne ao astro principal Scott Adkins, com quem trabalhara no ótimo Undisputed II, e dele extrai uma carismática atuação. Um filme de ação é tão bom quanto o vilão, e aqui Florentine ganhou um valiosíssimo aliado em Tsuyoshi Ihara. Adkins é o herói, porém é Ihara quem se destaca. Filmes de ação tendem a valorizar exclusivamente as cenas movimentadas, as lutas, os tiroteios, não há muita atenção para construção de personagens, ou mesmo desenvolvimento. Com Ninja, a armadilha não se repetiu. O roteiro de Boaz Davidson tece uma trama um tanto quanto previsível, no entanto, são a habilidade do diretor e a atuação do elenco, mais especificamente de Ihara, o trunfo que alavanca o material a um mais sofisticado patamar. Deve-se ao talento e magnetismo de Ihara a capacidade de criar um personagem que nas mãos de um amador qualquer teria parecido um clichê redundante, mas que em suas mãos evolui para um vilão complexo e trágico. O seu Masazuka é um triste anti-herói. Ele encapsula o que há de mais letal na arte do combate mas seu senso de posse, de preferência quanto ao legado dos ninjas, desperta a inveja e a ambição que acabam por distanciá-lo do caminho dos verdadeiros guerreiros. Também dá profundidade ao personagem o fato de enxergar Takeda como pai, e portanto razão se sentir imperdoavelmente traído quando o mestre escolhe o norte-americano como o herdeiro da armadura e da katana. Ihara exala carisma e magnetismo no papel de Masazuka, parece letal em seus suaves movimentos, tais quais os de um tigre mortífero, e pelo desempenho impecável, força o que há de melhor em Adkins, que precisa estar à altura de tamanho desafio. Ninja foi rodado em Sofia, Bulgária, assim como a maioria das produções da companhia Nu Image. Olhos despreparados, todavia, não perceberão que o filme foi rodado na Europa, vez que sempre que a estória exige tomadas externas, supostamente nos Estados Unidos, o estúdio reproduz muito bem uma avenida novaiorquina. No momento (2013), encontra-se em pós-produção a continuação, Ninja 2,que felizmente foi regida por Florentine, e novamente estrelada por Scott Adkins. Se a contribuição original surpreendeu, só nos resta salivar de expectativa pelo lançamento da sequência. Procurem por Ninja nas locadoras. O DVD foi lançado sob o selo da California Filmes.

Todos os direitos autorais do trailer acima reservados a California Filmes. O uso do trailer é para efeito meramente ilustrativo da resenha.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Caçadores de Mentes ("Mindhunters", 2004) - Por um breve momento, Renny Harlin recupera a glória do passado.


Caçadores de Mentes” é a divisão do FBI que arregimenta profissionais habilidosos na arte de delinear os perfis e o modus operandi de assassinos em série. Buscando aperfeiçoá-los ainda mais nesta arte, o instrutor Jake Harris (Val Kilmer) os leva a uma ilha na costa da Virgínia, mantida pela Polícia Federal, que abriga uma cidade fictícia, onde uma série de diferentes cenários será arquitetada para testar o conhecimento e a habilidade dos jovens agentes. Harris elaborou todo um novo caso, envolvendo um serial killer que responde pela alcunha de titereiro, um maníaco que mata as vítimas e as dependura em ganchos, como se os mesmos fossem bonecos de ventríloquo. A tarefa dos agentes revolve compreender o modus operandi para apanhar o serial killerde mentirinha” através das pistas que as cenas dos crimes têm a oferecer. Depois que chegam a ilha, Harris lhes apresenta o lugar e parte no helicóptero, deixando-os por conta própria. Os agentes começam a investigar, e encontram, em uma típica diner, uma cena de homicídio forjada, um manequim “assassinado”, dependurado por ganchos no teto. Para a surpresa dos agentes, uma armadilha letal envolvendo nitrogênio líquido foi preparada, resultando na morte de um dos estudantes. Assustados, os agentes procuram pelo barco na doca, mas no momento em que correm pelo píer para apanhá-lo, a doca vai pelos ares. Agora, os mais habilidosos profilers do FBI se veem aprisionados à ilha, com um serial killer “de verdade”, e uma série de armadilhas desenhadas conforme as fraquezas de cada um. 

Este suspense dirigido pelo experiente Renny Harlin (“12 Rounds”, “5 Dias de Guerra”) não oferece nada de novo ao gênero, mas a habilidade do cineasta acaba provando-se o diferencial que torna o produto final mais atraente e empolgante do que os suspenses similares que chegam aos cinemas todos os anos. O elenco é formado por grandes nomes (Val Kilmer, Christian Slater, Jonny Lee Miller), mas é a atriz Kathryn Morris, mais conhecida pela série Cold Case (e aqui basicamente reciclando a mesma personagem), quem se sobressai entre os colegas, no papel da relutante protagonista, que mostra pouco de si, mas esconde muito. Devo mencionar que fiquei espantado com a semelhança entre Morris e uma artista brasileira muito talentosa chamada Babi Xavier. Confiram, elas são parecidas!Muito bem produzido, Caçadores de Mentes é visualmente rico e atmosférico. O diretor de fotografia Robert Gantz (“Assalto a 13ª DP”) empresta o seu olhar elegante e caprichoso à produção, criando uma ambientação simultaneamente atraente e traiçoeira, familiar e surreal: enquanto a cidade erguida pelo FBI assemelha-se a uma típica e pacata small town do meio Oeste norte-americano, há algo de incongruente no lugar, a sensação de tragédia iminente, talvez causada pela aura que remete aos anos 50. A cidade parece saída diretamente do passado, com o agravante do isolamento e abandono, suas ruas e calçadas acumulando folhas, a diner com sorridentes bonecos representando cidadãos sentados às mesas com suas refeições, o cinema local exibindo “O 3° Homem”, de Orson Welles, e uma série de outros detalhes que arruínam a primeira boa impressão sobre o lugar e te deixam arrepiado. Se o roteirista Wayne Kramer não ganha prêmio algum por originalidade, ao menos consegue sustentar o ritmo e amarrar a colcha de retalhos a serviço do diretor, familiarizado ao gênero ação.Kramer cria interessantes situações similares às engenhosas armadilhas da série Jogos Mortais. Lamentavelmente, a falta de profundidade dos personagens, de motivações, os torna um tanto quanto unidimensionais, exagerados, subtraindo do filme parte de seu charme e poder. O diretor Renny Harlin, um dos mais expressivos diretores de filmes de ação dos anos 90, que perdeu a mão depois de uma série de produções caríssimas medíocres, parece somente agora recuperar a velha forma, justamente após perder o posto entre os principais cineastas de Hollywood. A sua carreira é similar a do excelente diretor chinês John Woo. Woo chamou a atenção de produtores norte-americanos com as obras-primas que rodou em seu país de origem, entre elas o extraordinário “Fervura Máxima” (assisti a este filme aos 15 anos, em 1995, no circuito de filmes de arte, uma das experiências cinematográficas mais emocionantes e inesquecíveis de minha vida, equivalente a um violento passeio pela mais aterrorizante montanha russa concebível). Uma vez em Hollywood, Woo não se saiu bem ao filmar dentro de um novo modelo, e seus trabalhos pareceram fracos e sem brilho, muito diferentes dos dias de glória na China. Foi apenas nestes últimos anos, ao retornar para o país de origem e recuperar a liberdade criativa para fazer o que ama, que o velho John Woo de “Fervura Máxima” renasceu com força total, em filmes maravilhosos tais como “A Batalha dos 3 Reinos”. É o caso de Harlin, que somente nestes últimos anos, dirigindo filmes menos ambiciosos tais como “12 Rounds” e “5 Dias de Guerra”, pareceu realmente se divertir em um set de filmagem, ao recuperar a magia “do primeiro olhar”, a paixão pelo que faz, a criatividade, algo nas linhas do que Julie Delpy diz em Antes do Pôr do Sol, próximo ao fim, ao chegar na vila onde mora, com Ethan Hawke, e lhe mostrar o gatinho que cria “Sabe o que eu mais admiro neste animalzinho?É que todas as manhãs, ele olha para esse jardim com o mesmo encanto como se o estivesse vendo pela primeira vez”. O problema com estes grandes diretores me parece evidente. Acredito que os produtores enxergam o talento de um cineasta, convidam-no a rodar um filme, disponibilizam orçamentos estratosféricos, porém “podam” o diretor, a sua criatividade, suas ambições artísticas pessoais, em nome da “segurança” do investimento, sob a expectativa do retorno financeiro. Esta receita para o desastre me parece o destino comum a maravilhosos cineastas impedidos de realizar o filme que gostariam, em nome da necessidade de assegurar retorno financeiro nas bilheterias. Aconteceu com John Woo nos Estados Unidos, e Renny Harlin na segunda metade dos anos 90. Recentemente, o talentoso cineasta brasileiro José Padilha foi recomendado para a direção de RoboCop. Parece caso semelhante aos exemplos ilustrados acima, produtores de um grande estúdio enxergam a paixão e o talento de um cineasta, que fez dois filmes extraordinários, Tropa de Elite 1 & 2, chamam-no para dirigir o seu roteiro, oferecem centenas de milhões para um trabalho tecnicamente confortável, porém, na hora em que o diretor procura transbordar  sua criatividade, sua paixão nas telas, os produtores imediatamente o “refream”, frustram-no, procuram mantê-lo “no cabresto”, para que não “ouse demais”, novamente em nome da necessidade de se assegurar retorno financeiro ao investimento de centenas de milhões. Só nos resta esperar que os produtores deem a este grande diretor a liberdade para fazer o RoboCop que deseja fazer, e não aquilo que os produtores do estúdio esperam. Quanto a Renny Harlin, torço que o seu renascimento artístico continue. Harlin está para lançar um projeto interessantíssimo, baseado em um aterrorizante caso real ocorrido na ex-União Soviética, chamado The Dyatlov Pass Incident, envolvendo OVNIs... Mas este filme ficará para uma próxima resenha. 

Todos os direitos autorais do trailer acima reservados a Dimension-Sony Pictures. O uso do trailer é para efeito meramente ilustrativo da resenha.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Atividade Paranormal ("Paranormal Activity", 2007) - Boa noite, bons sonhos, e agarrem-se a seus lençóis.


Katie e Micah vivem juntos há três anos, desde que começaram a namorar. Ultimamente, passam a notar estranhos e inexplicáveis fenômenos na casa onde moram. Ocorre que, na infância, aos oito anos de idade, Katie fora “perseguida” por uma entidade que costumava se materializar ao pé da cama para aterrorizá-la. Uma vez superada a adolescência e a perda da casa da família para um incêndio de razões desconhecidas, as manifestações paranormais deixaram de perturbá-la. Com o tempo, Katie esqueceu-se de parte dos terríveis eventos da infância, mas agora os fenômenos paranormais estão reaparecendo. Micah, que jamais testemunhou manifestações semelhantes, prepara os principais cômodos com câmeras, para capturar qualquer movimentação fora do comum. O que começa de maneira inocente e interessante – uma porta se movendo sozinha durante a noite, Micah descobrindo, no sótão, uma foto de quando Katie era criança, e que a moça julgava ter sido perdida durante o incêndio muitos anos antes – escala para maciço e furioso ataque físico. Depois que consultam um parapsicólogo, que os alerta sobre riscos que correm, o demônio se torna mais ameaçador, sujeitando o casal a toda sorte de tormentos, desde os lençóis da cama arrancados de seus corpos enquanto dormem ao arrebatamento de Katie pelo pé, que é arrastada pelos corredores, para o horror do namorado.

Este inesperado sucesso de 2009 deu origem a quatro continuações (a última prevista para lançamento em 2013) e incontáveis imitações inferiores, e revelou o talento do diretor Oren Peli, que veio a produzir os mais interessantes filmes de horror dos últimos três anos, tais como Sobrenatural. Filmado com baixo orçamento, Atividade Paranormal é alavancado pelo roteiro minimalista e atmosférico, que possibilita momentos bastante perturbadores, sem a necessidade de excessos para tanto. Exemplar do gênero “found footage”, o filme foi rodado sob o ponto de vista do casal de protagonistas. Felizmente, ao contrário de produções similares tais como Cloverfield, o fato de as câmeras se apoiarem sobre tripés dá às imagens estabilidade, o que torna o filme mais aprazível aos olhos. Os efeitos especiais são discretos, já que não foi a preocupação primordial do cineasta a de oferecer uma experiência que se limitasse a visuais impressionantes. Quando os mesmos se fazem necessários, nas cenas de ataque da entidade demoníaca, por exemplo, provam-se muito bem feitos, porém nada extravagantes. O grande trunfo reside na atmosférica trama e na maestria com que o diretor vai descortinando os eventos. Há um termo próprio para isso, que os norte-americanos usam para expressar semelhante ideia: Atividade Paranormal é um “slow burner”, um filme que “pega fogo lentamente”, ou seja, um trabalho onde o diretor faz bom uso do tempo, sem pressas, sem atropelos, tudo para desenvolver o horror com precisão, condicionando o sentimento de medo ao tempo correto. O assédio da entidade demoníaca começa sutil, até que os ataques passam a tornar a vida do casal impossível. Ainda mais importante, entre implacáveis cenas de assédio a Katie e Micah no quarto, à noite, Oren Peli pontua a produção com pequenos momentos premonitórios que contribuem muito para o sentimento tétrico que permeia o filme. A melhor cena envolve a visita de um parapsicólogo, Dr. Fredrichs, que após passear pelos cômodos da casa e escutá-los atentamente, deixa claro que o que está perturbando os dois não se deve à obra de espírito, mas a um demônio, e que o demônio alimenta-se de energia negativa. Fredrichs é enfático ao aconselhá-los a não antagonizar a entidade, e a procurar por um colega seu, especializado em questões semelhantes. Ele diz que não existe uma forma de fugirem do problema. Se mudarem de casa, a coisa os perseguirá. A maneira como o momento se desenrola, como Katie narra a sua história e Dr. Fredrichs a aconselha, assemelha-se a um jogo de xadrez tensamente conduzido. Sem dúvida, o diretor imprime ao referido pequeno momento muito suspense e expectativa. A cena baseia-se em atuação e diálogo, porém é o melhor segmento, o mais atmosférico, aquele que fez os cabelos de minha nuca eriçarem. Depois da visita, ocorre-nos a forte impressão de que esse casal está destinado à tragédia, e não há nada que possa retardar o processo. Essa impressão ganha respaldo mais tarde, quando Micah realiza uma pesquisa sobre as manifestações na internet e encontra um caso muito semelhante ao da namorada, ocorrido nos anos 60, com uma outra garota, que terminou de forma horrorosa, em possessão e morte.

Assistindo a Atividade Paranormal, eu me recordei de um outro antigo filme igualmente intrigante, chamado A Casa das Almas Perdidas, baseado em fatos verídicos que envolveram uma família que se mudou para um duplex, em uma cidadezinha da Pennsylvania, e passou a experimentar toda sorte de ataques inexplicáveis: manchas escuras surgindo nas paredes, arranhões deixados nos móveis, a mãe carregando o cesto de roupas para a lavanderia, e escutando a voz da sogra a chamando do andar de cima, ela subindo os degraus para checá-la e então a mesma voz chamando-a da lavandeira, entre outras sutis e discretas manifestações que apenas se tornaram mais ousadas com a passagem dos anos em que permaneceram na residência, de 1974 a 1989. O caso da família Smurl deu origem a um best-seller chamado “The Haunted”, de Michael Curran, e ao filme A Casa das Almas Perdidas, brilhantemente executado e bastante fiel aos eventos. Curiosamente, a família Smurl era composta pelos pais, os avós paternos, duas meninas, e mais duas outras filhas geradas quando os Smurl já tinham se mudado para a propriedade. Usei o termo curioso pois a questão das filhas tem algum significado em casos de poltergeist: coincidindo com o período em que as meninas entraram na puberdade, as manifestações se tornaram mais voláteis, o que parece ser bastante comum a casos da natureza, a turbulenta passagem pela adolescência. Qualquer que tenha sido a natureza dos fenômenos que perseguiram a família Smurl sem dó por todos estes anos, a entidade parecia conectada às garotas, e não à casa. Tanto que quando os Smurl deixaram o lugar, a moradora seguinte afirmou que jamais chegou a presenciar espécie alguma de manifestação incomum. A foto que os amigos veem na cabeça deste parágrafo é da família Smurl em frente à casa onde sofreram por tantos anos. Consigo me lembrar de outros casos verídicos que dariam extraordinárias adaptações para o cinema. Há todo um charme em se assistir a filmes baseados em eventos reais, vez que mais importante que o contexto extraordinário em que os dramas se desenrolam, gostamos de assistir a como pessoas tão comuns como a gente atravessam instantes tão aterrorizantes e reagem aos mesmos, talvez por nos ajudarem a compreender a nossa própria natureza. Ocorrem-me vários exemplos, como os casos de manifestação de poltergeist em Enfield, Inglaterra (1977-1978), em Rosenheim, Alemanha, no final dos anos 60, e o caso da Bruxa de Bell, uma entidade misteriosa que aterrorizou cruelmente a próspera família de um fazendeiro entre os anos de 1817 e 1821, em Adams, Tennessee.

O poltergeist de Enfield foi observado no período de agosto de 1977 a setembro de 1978, e envolveu uma família composta por uma mãe recém divorciada e os quatro filhos, duas meninas e dois meninos. Os estranhos fenômeno tiveram início na noite do dia 31 de agosto de 1977, de maneira suave, quando depois de pôr as crianças para dormir, a mãe viu a cama do quarto se movendo. Ela a empurrou ao lugar, mas a cama parecia manipulada por uma força invisível. Seguiu-se uma manifestação mais inocente, batidas leves nas paredes. A família reagiu com horror e chamou os vizinhos, para que testemunhassem a insólita situação. Naquela noite, os vizinhos escutaram as batidas na parede, e na manhã seguinte, quando a polícia foi convidada, uma oficial reportou que enxergou uma cadeira deslizar suavemente de um canto ao outro sem que ninguém a tivesse arremessado. À medida que as manifestações foram se intensificando, o interesse da mídia pelo drama da família alavancou o sensacional poltergeist às primeiras páginas do tablóide britânico Daily Mirror. Um fotógrafo do jornal afirmou ter sido atingido na testa por um bloco de brinquedo sem que nenhum dos presentes tivesse atirado a peça. Em resposta às súplicas da família, dois membros da Society for Psychical Research, Maurice Grosse e Guy Lyon Playfair, mudaram-se para a propriedade assombrada. O que era estranho ficou ainda mais bizarro quando Janet, uma das garotas, começou a entrar em transe e falar com uma voz autoritária e masculina, como que possuída por uma entidade. Quando incorporava a personalidade, afirmava que se chamava “Bill” e que morrera de derrame na poltrona. Janet xingava os interlocutores e pontuava a fala com palavras obscenas. Para a surpresa de Grosse e Playfair, posteriormente, os dois foram procurados por um rapaz, que se identificou como filho de um homem chamado Bill que de fato morrera de derrame naquela propriedade, alguns anos antes. Em setembro de 1978, os eventos refrearam e pareceram deixar a casa, porém as vidas de todas as pessoas envolvidas já haviam sido profundamente transformadas. Janet, a maior vítima do assédio do poltergeist, jamais conseguiu levar uma vida normal na fase adulta. Particularmente para Grosse, o caso foi emocionalmente devastador. O investigador perdera a filha um ano antes do caso, e naturalmente se afeiçoara às meninas da casa alvo do poltergeist. Grosse foi bastante criticado quanto à condução do caso, pois lhe teria faltado a objetividade para observar e compilar os fatos fria e analiticamente, até porque parecia querer acreditar de qualquer maneira na existência da vida após a morte, talvez movido inconscientemente pela dolorosa perda da filha, que jamais veio a superar. Guy Lyon Playfair escreveu um intrigante livro sobre o caso chamado This House is Haunted (“Esta Casa é Assombrada”).

Um outro caso que daria um suspense assombroso é o do poltergeist de Rosenheim, acontecido no Sul da Alemanha, tendo se iniciado no verão de 1967 e se prolongado a janeiro de 1968, no escritório de advocacia de um cavalheiro chamado Sigmund Adams. Durante a crise, lâmpadas ligavam e desligavam repetidamente até queimar, telefones chamavam insistentemente, em um ritmo que parecia improvável, sem que houvesse alguém do outro lado da linha quando atendidos, gavetas das escrivaninhas abriam-se frequentemente abertas sem serem tocadas, as lâmpadas rodavam nos soquetes e explodiam, quadros eram atirados no ar. Contas telefônicas apontavam dezenas de chamadas para o serviço horário, feitas em momentos em que não havia gente no escritório. Policiais, funcionários da companhia elétrica e telefônica e até mesmo mesmo cientistas do instituto Max Planck passaram pelo escritório para investigar, e foram os últimos que fizeram a conexão entre as manifestações e uma personagem peculiar, uma moça chamada Annemarie Schaberl, a secretária solteira de dezenove anos de Sigmund Adams. Por meio de câmeras, os cientistas registraram que bastava que Annemarie se encontrasse no escritório, para que as lâmpadas começassem a oscilar, e os telefones a chamar. Os fenômenos cessaram quando Annemarie saiu de férias. Quando retornou, o chefe preferiu dispensá-la. Foi reportado que por todos os lugares onde veio a trabalhar, os fenômenos a acompanharam. Quando o noivo terminou a relação durante um jogo de boliches, o painel de escores sofreu um colapso elétrico. Quando ela finalmente conheceu outra pessoa e se casou, o poltergeist cessou em definitivo.

De todos os casos que conheço, todavia, nenhum conseguiu me marcar mais do que o da “bruxa” que atormentou a família Bell entre 1817 a 1821, e somente pareceu se extinguir depois que conseguiu matar o patriarca, o fazendeiro John Bell. Tão notória a história, vários livros foram escritos sobre o caso, e em 2005 um filme chamado An American Haunting (Uma Assombração Norte-Americana) foi lançado nos cinemas, com Sissy Spacek e Donald Sutherland. Ainda assim, para as pessoas que leram sobre a “Bruxa de Bell”, o consenso foi o de que, em celulóide, o caso não foi tratado à altura. O caso original é tão rico de vida que somente algo épico honraria os fatos originais, e no caso do filme An American Haunting, lamentavelmente, os produtores pareceram se focar exclusivamente nos elementos de horror da história, deixando de fora um mundo de detalhes emocionalmente ricos e recompensadores que teria tornado a adaptação muito melhor. A história da “Bruxa de Bell” oferece de tudo. Além de um impressionante documento histórico sobre os Estados Unidos no início do século XIX, o caso pulsa de mistérios, tristezas, amores proibidos, aventuras, e reencontros, que nem mesmo as mais brilhantes mentes teriam a propriedade de conceber. O caso é respaldado por inúmeros testemunhos, registrados em manuscritos, conservados até os dias de hoje, e compilados em diários sobre os eventos. No início do séxulo XIX, John Bell mudou-se com a família da Carolina do Norte para Red River, recanto de Robetson County, Tennessee, que mais tarde veio a ser conhecido como Adams. Bell adquiriu muita terra e construiu uma confortável e grande casa para a família. Ao longo dos anos, Bell seguiu comprando mais terras para plantação, e prosperou. John e Lucy tiveram três filhos depois da mudança para Tennessee, Elizabeth (Betsy), nascida em 1806; Richard, em 1811; e Joel, em 1813. Os bizarros fenômenos a envolverem os Bell iniciaram sem sobreaviso, em um dia aparentemente normal de 1817. John Bell estava passeando pelo milharal quando encontrou um estranho bicho, o corpo assemelhado ao de um cachorro, a cabeça, à de coelho. John atirou na criatura, mas pareceu não acertá-la, e o animal desapareceu. Naquela mesma noite, os Bell começaram a escutar batidas nas paredes externas da casa.

A frequência e a intensidade das batidas escalavam a cada noite, porém todas as vezes em que Bell e os rapazes corriam para o alpendre, não encontravam o “travesso”. Nas semanas que seguiram, os eventos se agravaram. As crianças começaram a acordar aterrorizadas, reclamando de ratos que roíam os pés das camas. Também afirmavam que os lençóis e travesseiros eram atirados para fora das camas por uma entidade invisível. A ameaça desenvolveu voz própria, que os Bell inicialmente  identificaram como semelhante a sussurros muito baixos de uma mulher que parecia cantarolar uma modinha qualquer. À medida que a entidade foi ganhando força, identificou-se como um quarteto de espíritos, chamados “Blackdog”, “Mathematics”, “Cypocryphy” e “Jerusalém”. “Blackdog” falava com uma voz feminina autoritária, materna, e deixava claro que era ela quem mandava nos demais, “Mathematics” e “Cypocryphy” também tinham vozes femininas, mas as suas pareciam as de duas adolescentes, “Jerusalém” falava com o tom de um garotinho. A “Bruxa”, na verdade o quarteto de vozes desencarnadas, nutria ódio mortal pelo patriarca John Bell e a filha Betsy, uma jovem muito bonita, inteligente e cheia de vida, que se destacava entre as outras garotas da região. Eu li um dos melhores livros sobre o caso, The Bell Witch: The Full Account, de Pat Fitzhugh, há aproximadamente três anos. Depois de lê-lo, eu o dei de presente a meu irmão, no entanto, me lembro de boa parte da história. Uma das passagens que perduraram em minha memória se dá quando, passeando pela propriedade com uma amiga, Betsy Bell enxerga uma família – uma mulher, duas meninas e um garotinho – descansando casualmente pelos lados das cercas. Ela se aproxima, cumprimenta-os, mas não recebe uma resposta. Depois, os visitantes desaparecem. É um instante tétrico e misterioso porque, muito embora possa ter sido apenas uma família de imigrantes de passagem pelas cercanias da propriedade, você se lembra de que depois que a “Bruxa” se manifestou, ela o fez como o quarteto de vozes – a mãe (Blackdog), as duas adolescentes (Mathematics & Cypocryphy) e o menininho (Jerusalém). Até hoje, pensar nessa passagem me dá calafrios, porque é o exato e único momento em que Betsy pode muito bem ter enxergado a “Bruxa”.

O professor Richard Powell era onze anos mais velho do que Betsy, mas pela garota nutria muito amor. Lamentavelmente, seu sentimento jamais poderia ser correspondido, pois Betsy estava envolvida romanticamente com Joshua Gardner, um rapaz de família rica e influente, dona de uma das fazendas da região. Peculiarmente, a “Bruxa” mantinha conversação com as pessoas da casa através das vozes desencarnadas, e insistia para que Betsy não se casasse com Joshua Gardner, pois afirmava que jamais seria plenamente feliz. Em dezembro de 1820, após três anos de abuso nas garras do demônio ou fosse o que fosse o quarteto, John Bell adoeceu e não conseguiu mais deixar a cama. Uma manhã, a família o encontrou morto, e na ocasião do enterro, os familiares e amigos escutaram a algazarra, os gritos e gargalhadas da entidade, comemorando a morte. Em abril de 1821, a entidade visitou Lucy Bell, a viúva, e lhe avisou que partiria, mas regressaria sete anos mais tarde. Em 1828, conforme prometido, a “Bruxa” retornou, e visitou a casa de John Bell, Jr. por toda uma tarde, quando conversaram sobre uma série de assuntos, desde política à origem da vida. Nesta conversa, a “Bruxa” fez premonições impressionantes, tais como a eclosão da Grande Guerra Civil. Ao dizer adeus, a entidade prometeu regressar para visitar os descendentes da família Bell dentro de cento e sete anos, contudo, em 1935, data prevista para a visita, nada foi reportado pelos descendentes diretos de John Bell, Jr. Ainda hoje, fenômenos luminosos esquisitos e bizarros podem ser observados no lugar onde séculos atrás existia a propriedade dos Bell. Dizem que se você tira fotografias na caverna da “Bruxa”, os filmes jamais saem claros ou nítidos.

Depois de discorrer sobre todos esses casos, eu recomendo que leiam sobre as histórias tratadas e procurem por A Casa das Almas Perdidas. Assisti ao filme quando criança, no começo dos anos 90, em fita de vídeo. O filme jamais foi lançado em DVD, porém creio que deva ser fácil encontrá-lo na internet. Apesar da temática perturbadora, é um filme elegante e bem feito, memorável e arrepiante, sem a necessidade do barato expediente de cenas de violência ou derramamento de sangue. O filme também conclui com a importante mensagem de que somente a união em família a tudo suporta e os maiores obstáculos transpõe. Há uma cena interessante que encapsula a grande mensagem – e, por que não, de todos estes notórios casos - quando o pai conversa com o padre sobre as razões de aquela entidade estar assediando impiedosamente a família, e o padre responde nas linhas de O amor que vocês têm uns pelos outros e a sua fé em Deus são as coisas que o Mal mais gostaria de arruinar, pois são exatamente as únicas coisas que podem vencer o Mal. Se você analisar o caso da Bruxa de Bell, a mensagem parece a mesma, a conquista do amor sobre todas as adversidades e coisas malévolas. Ao final do livro de Fitzhugh, o que também me chamou a atenção foi o fato de que, uma vez que se consegue enxergar além dos elementos aterrorizantes e espetaculares do caso, o que resta da narrativa é uma tocante história de amor, porque o professor, Richard Powell, nutria um sincero e belo sentimento pela garota, Betsy Bell, e realmente queria vê-la bem. A diferença de idade e classes sociais (ele era pobre) distanciavam seus mundos. Quando ela se torna noiva de Joshua, o namorado da adolescência e bom partido de Red River, Powell escolhe partir, para não sofrer e não a atrapalhar. Ele inclusive chega a se despedir da moça e do rapaz e lhes deseja toda a sorte do mundo, durante um piquenique à beira do córrego que os amigos de Betsy haviam organizado para celebrar o anúncio do noivado. O professor parte para uma outra cidade, dando as costas para toda a confusão – os extraordinários eventos relacionados à “bruxa”, o amor incondicional não correspondido pela menina. Depois que vai embora, ele se envolve romanticamente com uma outra mulher, e anos depois, prospera como político. O que eu acho tocante é que em nome de seu sentimento, Powell abdica da própria felicidade em razão da felicidade da garota, como o heróico e trágico protagonista escrito por Dickens em A Tale of Two Cities. Mais tarde, quando a moça amadurece e compreende que também se sente da mesma forma pelo professor, ela deixa o noivo rico, e parte para encontrar o único homem que um dia realmente a amou incondicionalmente, sem sentimentos de posse ou ciúmes. Aqui, eu estou escrevendo sobre o caso em linhas muito resumidas e amplas, porém, no livro de Pat Fitzhugh, e na versão romantizada An American Haunting, de Brent Monahan, parece uma história de amor tão extraordinária, tão rica em detalhes peculiares a grandes sagas de amor, que me vem à mente filmes dramáticos e românticos como Diário de uma Paixão. Se você analisar o caso em toda a sua extensão, desde os elementos mais aterrorizantes ao fim da jornada, quando a “Bruxa” vai embora, passando por todos os encontros e desencontros enfrentados por duas pessoas que queriam ficar juntas, o que chama a atenção é a história de amor que há por trás do fantástico poltergeist. Acredito que uma adaptação fidedigna aos eventos, que não se concentrasse exclusivamente nos detalhes espetaculares do poltergeist que assombrou os Bell, seria melhor servida por um maior escopo, e se pareceria com algo semelhante ao filme Diário de uma Paixão, com o diferencial dos elementos sobrenaturais e aterrorizantes, que tornariam o produto final mais sombrio, melancólico e nostálgico. Consigo imaginar Rachel McAdams no papel de Betsy Bell e Rupert Friend como Richard Powell. Ainda, no que se refere à história real, acho importante registrar que Powell e Betsy casaram-se, permaneceram unidos, e tiveram oito filhos. Assim como verdadeiros casais fazem, aproveitaram ao máximo os anos felizes, e foram unidos e corajosos nos menos prósperos. O amor os ajudou a vencer novos desafios, tais como a morte de quatro das oito crianças, e as dificuldades financeiras. Betsy permaneceu ao lado do marido como esposa devota e honrada, mesmo depois que ele sofreu um derrame e ficou inválido. Após a morte de Powell, Betsy vestiu o luto até o fim da vida. Estudiosos do caso acreditam que a “Bruxa” era produto de ressentimentos e traumas da infância de Betsy, que havia ganhado “voz própria” e, por que não, dissociado-se da moça e criado vida própria. Quando o quarteto a atormentava para não se casar com Joshua Gardner, era como se o poltergeist estivesse dando voz a um sentimento que já existia dentro de Betsy, a sua parte que amava o professor e sabia que jamais seria feliz com outro homem apenas pela fortuna. Sabe-se que, muito idosa, foi morar com uma das filhas, Eliza Jane Powell, que se recusava a falar sobre o assédio da “Bruxa” ocorrido entre os anos de 1817 a 1821, e que jamais dormia sozinha ou na escuridão. Betsy Bell morreu aos oitenta e dois anos de idade, mas a sua história com Richard Powell é um testamento sobre o poder do amor e sobrevive até hoje, época em que não se encontram mais exemplos parecidos.

Gostaria de concluir minha resenha enaltecendo o serviço que o time de Oren Peli tem prestado para o gênero, nos últimos anos. Após o sucesso de Atividade Paranormal, a dedicação ao gênero por parte de Peli e Jason Blum, seu co-produtor habitual, tem permitido que obras refrescantes como Insidious – Sobrenatural e A Entidade imprimam nova força ao horror nas telas dos cinema. Para cada temporada, a dupla guarda uma interessante novidade, e basta o rápido exame dos projetos dos dois para que fiquemos bastante empolgados pelo que está por vir. Em especial, gostaria de fazer referência às produções cujas datas de estreia não estão muito distantes: Dark Skies – Os Escolhidos e The Conjuring – Invocação do Mal. As temáticas dos filmes divergem, porém os arrepios comuns às obras de Oren Peli decerto estarão presentes. Em Dark Skies, uma família – os pais e dois meninos – é assediada por estranhos eventos, que assim como em casos de poltergeist começam de maneira incipiente (um alarme de segurança que soa à noite sem que ninguém tenha invadido a propriedade, por exemplo), porém logo se tornam extremamente agressivos. Diferente dos demônios em Atividade Paranormal e Insidious – Sobrenatural, o horror advém de visitantes extraterrestres que “cismaram” com aquela família em particular. O filme é estrelado por uma atriz muito talentosa, conhecida pela série Felicity, e deve estrear no Brasil em julho de 2013. Em The Conjuring – Invocação do Mal, o diretor James Wan traz às telas os eventos de uma investigação paranormal conduzida por Ed e Lorraine Warren nos anos 70, quando uma família que se muda para uma casa de campo em Rhode Island passa a ser assaltada por manifestações sobrenaturais. O novo filme do diretor James Wan estreia nas salas brasileiras em setembro de 2013. Estes filmes darão aos fâs do gênero o que esperam, aquilo que o grande Clive Barker comentou sobre o apelo de obras do tipo: convidar-nos a lidar com o horror de uma "forma segura", participar apenas como observadores da experiência, enquanto os personagens na tela são os únicos assaltados pelo Mal. A menos que estejamos falando sobre os casos verídicos tais como o dos Smurl ou dos Bell, onde - e essa é a parte assustadora - o horror começou aleatória e inocentemente, sem avisos.

Boa noite, bons sonhos, e agarrem-se a seus lençóis.