quinta-feira, 18 de abril de 2013

Trauma - A decepcionante estreia de Dario Argento nos Estados Unidos ainda consegue ser um suspense interessante.


Única testemunha do assassinato de seus pais, garota anoréxica (Asia Argento) é perseguida por um serial killer conhecido como Headhunter, maníaco que coleciona as cabeças de suas vítimas e somente ataca em noites de chuva. Ao mesmo tempo, a menina conta com a ajuda de um jovem jornalista (Christopher Rydell) que vem a se apaixonar pela garota e unir-se a ela para solucionar o mistério. Investigações os levam a crer que a identidade do Headhunter está diretamente atrelada a um segredo que envolve o passado da mãe da menina, médium que costumava realizar invocação de espíritos na própria casa. A sucessão de mortes acaba por guiá-los a uma horrorosa descoberta, que por fim nos permite compreender os motivos e a identidade do serial killer.

Estreia do habilidoso cineasta italiano Dario Argento nos Estados Unidos, à primeira vista Trauma muito se assemelha a filmes medianos do gênero, no entanto, a habilidade do diretor, a paixão com que arquiteta as cenas, conduz as câmeras através da ação e, principalmente, sua criatividade arrojada alavancam a experiência para acima da média. Se por um lado, Trauma é um filme deslumbrante de se assistir, e o roteiro nos oferece algumas ideias surpreendentes e refrescantes (a tragédia pessoal macabra que explica as razões da mãe homicida), por outro, diante do resultado final, ocorre-nos que a estreia de Argento no mercado americano ficou aquém das suas grandes obras europeias, tais como Phenomena, com a extraordinária Jennifer Connelly, ou Suspiria, estas sim verdadeiras óperas criativas, provas contumazes da genialidade do cineasta italiano. O sentimento de frustração talvez advenha do fato de a espinha dorsal da trama fundamentar-se excessivamente na cansativa rotina de caçada a serial killers; o que enaltece a produção e a torna superior a filmes similares deve-se justamente à habilidade de Argento, `as ideias peculiares que adiciona à já tão explorada receita, nos mesmos moldes de Brian De Palma. Aqui, o diretor filma uma aventura previsível, mas adiciona as suas próprias temáticas bizarras tais como comunicação com os mortos, anorexia, amores extraconjugais, e esmagadores segredos do passado que acabam por motivar a matança lançada pelo Headhunter. O resultado é um suspense acima da média, movido por sacadas interessantes de um talentoso diretor apaixonado pelo que faz, atrasado por um roteiro pífio ancorado excessivamente por coincidências ou circunstâncias.

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